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A piscicultura e a carcinocultura no Brasil tem ganhado destaque por seu alto potencial produtivo, principalmente pela abundância de água no continente e condições favoráveis à produção. Todavia, advimos de uma época em que a alimentação dos animais de produção corresponde a aproximadamente 80% do custo total, sendo a proteína o componente mais caro e o principal nutriente necessário para a manutenção e crescimento de peixes e camarões, onde a ingestão insuficiente de proteínas pode resultar em redução no crescimento e sobrevivência.

A inclusão de proteína nas rações de peixes e camarões depende muito da fase de crescimento, tamanho, qualidade da proteína dietética (perfis de aminoácidos essenciais e digestibilidade), disponibilidade de fontes alternativas de alimentos no ambiente, parâmetros ambientais e manejo da cultura. De forma geral, rações comerciais de camarão contêm 30 a 50% de proteína bruta, composta principalmente de proteína animal, como farinha de peixe, farinha de camarão e farinha de lula, ingredientes com excelente valor nutricional e palatabilidade, mas são caros e nem sempre estão disponíveis no mercado. Desta forma, a busca por ingredientes alternativos à proteína animal nas rações se torna uma estratégia essencial nos negócios.

O concentrado proteico de soja (CPS) tem se destacado como uma fonte excelente para a nutrição de peixes e camarões. Caracteriza-se por ser um ingrediente que possui entre 57 e 60% de Proteína Bruta na matéria seca, um nível semelhante ao encontrado nas farinhas de peixe, sendo excelente para a formulação das rações que exigem altos teores de proteína. Além disso, o balanço de aminoácidos é adequado, com alta digestibilidade e boa palatabilidade. Sua produção em escala permite um fornecimento estável, constituindo-se uma fonte sustentável para substituir a proteína animal marinha.

O processo de obtenção do CPS se dá pela remoção do óleo e da fração não proteica solúvel em água, através de uma lavagem com etanol ou hexano, extraindo assim os açúcares não digestíveis. A lavagem com solução alcoólica propicia a remoção e a desnaturação dos fatores antinutricionais, dos fito-hormônios e a eliminação de lipídeos residuais, grandes vantagens contra o farelo de soja. Apresenta biodisponibilidade de aminoácidos e a fibra é facilmente solúvel.

Ingredientes nutricionais: CONCENTRADO PROTEICO DE SOJA (SPC) GMO 60% PB

Em geral, altos níveis de inclusão de proteínas de soja na alimentação de camarões, com ausência de farinha de peixe, são viáveis e resultam em desempenhos do camarão satisfatórios, como mostra a pesquisa realizada por Davis e Sooking (2011), que utilizaram o CPS em diferentes níveis e suplementaram nutrientes essenciais para atender às necessidades do camarão. O resultado entre a comparação das dietas teste foi muito semelhante entre as dietas comerciais de referência. Outros autores (PARIPATANANONT et al., 2001; FORSTER et al., 2002) relataram em seus trabalhos que o concentrado proteico de soja pode substituir 50 a 75% da farinha de peixe sem nenhum efeito adverso no crescimento, consumo de ração, conversão alimentar ou mortalidade dos camarões.

Entre os peixes, pesquisas têm sido largamente aplicadas em diferentes espécies de interesse produtivo, como a truta arco-íris, em que o concentrado proteico de soja com suplemento de L-metionina poderia substituir completamente a farinha de peixe na dieta sem causar efeito negativo sobre o desempenho de crescimento e utilização de nutrientes pelos peixes (KAUSHIK et al., 1995). Refstie et al. (2001) verificaram que o salmão do Atlântico alimentado com dietas nas quais CPS substituiu 30% da proteína de farinha de peixe de alta qualidade cresceu significativamente melhor do que aqueles alimentados com dieta controle de farinha de peixe.

Huang, Y. et al. (2017) avaliaram os efeitos da substituição parcial da farinha de soja pelo CPS em dietas para alevinos de turbot, os resultados indicaram que a substituição parcial melhorou o crescimento, a atividade das enzimas digestivas e a morfologia intestinal dos peixes. Em outro estudo conduzido por Lazzari et al. (2020), os efeitos da inclusão de diferentes níveis de concentrado proteico de soja em dietas para tilápia do Nilo indicaram que a inclusão de até 40% de concentrado proteico de soja afetou positivamente o crescimento e a saúde dos peixes.

De forma geral, a ausência de diferenças no peso final, no crescimento e na sobrevivência demonstrados nas pesquisas dos peixes e camarões alimentados com dieta à base de farinha de peixe ou a dieta em que o concentrado proteico de soja substituiu completamente a farinha de peixe indica o alto valor nutricional do CPS, o que confirma que pode ser usado em formulações de ração e que diferentes níveis de inclusão forneceram resultados numericamente satisfatórios, sendo uma excelente alternativa para as mais diversas fases de crescimento dos animais.

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