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Desempenho Zootécnico: Como prevenir e mitigar distúrbios entéricos.

Desempenho Zootécnico: Como prevenir e mitigar distúrbios entéricos.

Ao final do último artigo intitulado – Relação entre o Clostridium perfringens e o sistema imune de frangos de corte – foi dito, que um sistema imune responsivo demanda uma grande quantidade de energia, graças as complexas reações de reconhecimento de patógenos, produção de citocinas, anticorpos entre outras ações e principalmente o processo inflamatório. E como resultado, o desempenho zootécnico fica comprometido.

Quando se usam os antibióticos promotores de crescimento – APCs, busca-se mitigar os processos inflamatórios e reduzir a responsividade do sistema imune, e isso se dá através da ação dos antibióticos a nível intestinal. Os mecanismos de ação dos APCs ainda não são totalmente conhecidos, mas sabe-se que as mudanças induzidas por APCs reduzem a microbiota intestinal limitando drasticamente seus efeitos, sejam eles positivos ou negativos. Isso pode incluir a alteração na competição por nutrientes, prevenir a colonização de patógenos e/ou selecionar bactérias capazes de extrair mais energia da dieta. Entretanto, é atribuído a esse grupo químico a resistência microbiana cruzada, preocupando assim a medicina humana e animal, surgindo o conceito ONE HEALTH (Saúde Única). E como esforço para ajudar a reduzir o seu uso, o Brasil proibiu em 2020 três aditivos melhoradores de desempenho, sendo eles a tilosina, lincomicina e tiamulina, sendo esperado nos próximos anos a proibição dos demais em circulação, sendo eles avilamicina, bacitracina de Zn, bacitracina metileno desalicilato, enramicina e espiramicina.

Proteínas Alergênicas

No entanto, há inúmeras formas de buscar uma melhoria no desempenho dos animais. Cuidar da qualidade dos ingredientes e da formulação das dietas é imprescindível. Na soja, e alguns coprodutos, podemos encontrar proteínas alergênicas, sendo representadas pela conglicinina e B-conglicinina, sendo esta última mais reativa, com maior influência na resposta imune. A presença dessas proteínas pode causar inflamação no tecido intestinal, comprometendo a digestão e absorção e abrindo porta para possíveis patógenos. São ainda responsáveis por reações de hipersensibilidade contra a soja, além da aceleração do turnover proteico na renovação dos vilos/criptas.

Portanto, ingredientes como o Concentrado Proteico de Soja (RPSOY), livre de proteínas alergênicas e com alto valor biológico e digestibilidade de aminoácidos normalmente de 5 a 10%, acima de seus pares no mercado pode prevenir essa ativação do sistema imune de forma ineficaz, quando utilizado nas dietas inicias.

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Antinutricionais e Enzimas

Fatores antinutricionais e polissacarídeos não amiláceos – PNAs presentes em ingredientes vegetais que compõem a dieta podem ter efeitos negativos na saúde intestinal de frangos e suínos. Os PNAs são os principais componentes da parede celular presente nas células vegetais, no entanto, devido a natureza das ligações químicas os animais não conseguem acessar esses nutrientes.

Além do comprometimento da digestão causado pelas condições do fluxo intestinal induzidas pelos PNAs, a presença de fragmentos de fibra não digeridos contribui negativamente para o estado inflamatório da mucosa entérica. Dietas ricas em PNAs podem ocasionar danos físicos e induzir células epiteliais a apoptose (morte celular programada). A presença de fibras abrasivas e antinutricionais podem estimular o sistema imune inato a aumentar a proliferação de macrófagos, e produção de citocinas pró-inflamatórias, consequentemente, maior custo metabólico para auxiliar o sistema imune, tendo correlação inversa ao desempenho animal.   

Como estratégia podemos adicionar enzimas exógenas nas dietas, para melhorar a utilização de ingredientes ricos em PNAs, ou fatores antinutricionais como o ácido fítico. As enzimas melhoram a digestibilidade, reduz a quantidade de excretas e a presença de poluentes, caso do fósforo fítico. Outro ponto benéfico é a redução da viscosidade da digesta, alterando a microbiota intestinal e equilibrando a fermentação no intestino delgado. A quebra das ligações da parede celular permite uma melhor fermentação pela microbiota cecal, produzindo ácidos graxos de cadeia curta que são uma ótima fonte de energia para as células intestinais.

Microbiologia das matérias primas

O clima predominantemente tropical em todo território brasileiro, fornece condições ideias para proliferação de microrganismos patogênicos em ingredientes mal armazenados e transportados, principalmente os cereais. A organização mundial da saúde animal (OIE), tem padrões e diretrizes estabelecidas para gerenciamento de risco de toxinas e microrganismos transmissíveis via alimentação animal. A presença desses microrganismos como bactérias (Salmonella ssp., Clostridium spp., Escherichia coli etc), fungos, tais como Aspergillus, Penicillium, Alternaria, and Fusarium, além de comprometer a saúde dos animais e dos humanos, reduz a qualidade dos ingredientes.

Os fungos, de maneira especial, podem produzir metabólitos tóxicos aos animais e humanos, esses metabólitos são conhecidos como micotoxinas.

Certos ácidos orgânicos, como o ácido propiônico e seus sais (propionato Na e Ca) e o ácido fórmico, provaram ser eficazes na prevenção do crescimento de fungos e deterioração de rações e cereais. Esses ácidos orgânicos são usados ​​amplamente, não apenas para melhorar a nutrição animal, mas também buscando melhorar a saúde intestinal.

A Salmonella sp., é outro patógeno de importância na indústria avícola e suinícola, e se deve ao fato de a Salmonelose ser uma das principais zoonoses para a saúde pública. E os ácidos orgânicos (podendo destacar o ácido fórmico) tem papel central na prevenção da proliferação e contaminação dos alimentos para animais e humanos. E apesar do poder conservante dos ácidos orgânicos, alguns deles são ácidos fracos sendo seguro o manuseio (principalmente quando tamponados) se comparado aos ácidos inorgânicos.

Análise metagenômica com Genes 16S rRNA – M-TGI ID Livestock

As análises metagenômicas buscam evidenciar o equilíbrio entre as populações de microrganismos responsáveis pela fermentação no intestino delgado e a fermentação intestinal no intestino grosso.

Nesse panorama exposto até aqui , se pode notar que a produção animal está sob complexas interações microbiológicas, e entender essas relações ajudam a buscar formas sustentáveis de produção com total atenção a biosseguridade. A evolução de várias tecnologias nos permitiu responder questões-chave como quais microrganismos e genes estão presentes, possíveis funções e o que eles são capazes de fazer. A metagenômica, analisa as sequências de DNA, extraídas diretamente de uma amostra ambiental, e fornece informação biológica relevante para a maior parte dos organismos.

Dentro das técnicas existentes, a menos financeiramente e computacionalmente dispendiosa é o sequenciamento do gene do RNA ribossômico 16S (16S rRNA). Essa abordagem visa genes específicos que permitem a classificação taxonômica e a estimativa da diversidade do microbioma bacteriano.

Nós temos um serviço de análise metagenômica, o M-TGI ID Livestock. Para quaisquer dúvidas entre em contato via WhatsApp ou formulário de contato.

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