Saiba o que é o Flushing Nutricional para leitoas
Há anos, as interações entre nutrição animal, logo, animal bem nutrido e a reprodução, têm sido estudadas. E há evidências científicas de que a reprodução […]
- 11/08/2021
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A saúde da matriz suína desempenha um papel crucial no desenvolvimento e desempenho dos leitões, influenciando diversos aspectos desde a gestação até o período pós-natal. São fatores como saúde reprodutiva, nutrição em todas as fases de produção da matriz, manejo do bem-estar, limpeza e sanidade das instalações que trazem consigo lacunas que se desenrolam em impactos negativos na produtividade e, principalmente, econômicos.
É sabido que a suinocultura brasileira desempenha um papel crucial no mercado, sendo referência internacional de produtividade e qualidade. Desta forma, as exigências em biosseguridade, sanidade e produtividade são elevadas e devem suprir a excelência que o mercado para exportação exige. O trabalho com o monitoramento constante do rebanho não só ajuda a identificar, como também auxilia na prevenção de problemas acometidos pelas matrizes e, posteriormente, nos leitões. Acompanhe abaixo alguns fatores cruciais que devem ser observados atentamente.
A produção de leitões de baixo desempenho pode estar associada a diversos fatores. O primeiro deles está ligado à condição de saúde reprodutiva da matriz suína, incluindo a do trato reprodutivo e a capacidade de concepção, que tem um impacto direto na produção de leitões saudáveis. O desempenho reprodutivo, incluindo o intervalo entre partos e o número de leitões por parto são indicativos da condição física da matriz e refletem na prolificidade e na capacidade reprodutiva. Problemas como distúrbios hormonais, infecções uterinas e falhas na concepção podem afetar negativamente o número de leitões nascidos vivos e sua vitalidade.
Outro fator de extrema importância é o colostro, dotado de um teor rico e diversificado em proteínas, lipídios, glicídios, entidades celulares de natureza imunológica e moléculas bioativas, não somente supre as demandas nutricionais ao crescimento acelerado dos neonatos, mas também abarca funções de caráter anti-inflamatório e antimicrobiano. É responsável por garantir aos neonatos a energia necessária para termorregulação e crescimento corporal, imunidade passiva para proteção contra patógenos e maturação intestinal. Estudos mostram que o leite desempenha um papel substancial ao aportar até 30% da composição microbiana intestinal aos recém-nascidos, exercendo função crucial na colonização e no desenvolvimento da microbiota intestinal neonatal.
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Após pincelarmos sobre os aspectos ligados à saúde, nutrição e ambiência, um elo que liga intimamente estes fatores é o estabelecimento e a harmonização da microbiota intestinal. Embora sua importância já esteja esclarecida, existe ainda uma discussão acerca do momento de sua colonização no intestino dos leitões. A visão tradicional é que a colonização microbiana começa gradualmente no canal do parto, no contato com o ambiente externo, fezes e alimentos. No entanto, sabe-se que bactérias colonizadoras precoces no trato intestinal de mamíferos têm características maternas sólidas, estando presentes na placenta, canal do parto, leite materno e excreções maternas. Por conseguinte, torna-se pertinente reconhecer que a composição da microbiota das porcas pode conferir múltiplas modulações sobre a flora intestinal dos leitões e maturação do sistema imunológico, estendendo-se por diferentes intervalos temporais.
Como exemplo, podemos citar a influência da presença de bactérias fermentadoras produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Os AGCC produzidos pela fermentação dos microrganismos intestinais maternos são transmitidos verticalmente para a leitegada, como uma herança promovendo a maturação de seu sistema imunológico. Primeiramente, as bactérias colonizadoras intestinais neonatais são as anaeróbias facultativas, como Streptococcus e Staphylococcus. Todavia, são rapidamente substituídas por Bifidobacterium, Corynebacterium, Lactobacillus e Ruminococcus, sendo estabelecidas por meio de interações com a mãe, o ambiente circundante e a composição dietética, tanto durante o período gestacional como após o nascimento.
Assim, suscita-se a consideração de elaborar estratégias nutricionais com vistas a modular a configuração da microbiota entérica nas fêmeas, e, por conseguinte, orquestrar impactos sobre a composição microbiana dos leitões lactentes. Os promotores de saúde não convencionais, a exemplo dos probióticos e prebióticos, são defensores da saúde, moldando sistemas imunológicos em desenvolvimento, desafiando invasores prejudiciais e competindo por território e nutrientes com bactérias nocivas. Essa população bacteriana benéfica acaba por desencadear fermentações engenhosas de fibras e orquestrando sinfonias de vitaminas das quais são utilizadas para nutrir seus hospedeiros. Todavia, em condições de estresse e sistema imunológico fragilizado, essa população benéfica fica vulnerável, principalmente nas fases de maiores mudanças aos leitões.
Uma nutrição adequada da matriz suína durante a gestação e lactação é essencial para o desenvolvimento fetal, para produção de leite e qualidade do colostro. Deficiências nutricionais da matriz podem resultar em baixa qualidade e quantidade de produção de colostro, resultando em leitões mal nutridos, de baixo crescimento e resistência a doenças.
Enquanto isso, nas fases que antecedem o desmame dos leitões, estratégias nutricionais também devem ser adotadas. Existem estudos evidenciando que alimentar os leitões no período próximo ao desmame com dietas de baixa proteína bruta (<18%), formuladas sob o conceito de proteína ideal e alta digestibilidade, auxiliaram na manutenção de uma boa consistência de fezes devido a redução de disbiose causada pela presença de proteínas não digeridas no intestino, que por sua vez servem de substrato para o crescimento bacteriano com potencial disbiótico. Ao fornecer uma dieta com ingredientes de alta digestibilidade, a exemplo do Concentrado Proteico de Soja, a microbiota intestinal molda-se beneficiando espécies bacterianas benéficas, promovendo equilíbrio e redução nas respostas inflamatórias causadas pelo aumento de populações indesejáveis.
Está comprovado que a nutrição é um elemento crucial para um bom desenvolvimento dos leitões durante seu percurso inicial de vida. Todavia, somente o uso de ingredientes de alta digestibilidade e redução da proteína bruta da dieta não garantem o equilíbrio bacteriano no intestino. Olhar a nutrição de forma isolada como responsável por baixos índices zootécnicos é um erro comum, pois diversos outros fatores podem estar interferindo para que os animais não expressem todo seu potencial genético. A sanidade e a ambiência, por exemplo, podem ser os grandes vilões por trás de baixos rendimentos.
A sanidade do rebanho de fato é uma das únicas ameaças reais nos dias atuais, onde problemas entéricos normalmente atingem um percentual muito alto de animais afetados. Os microorganismos mais prevalentes em momentos de detecção de diarreias são a salmonella, de uma forma bastante frequente dentro dos sistemas de produção e a E. coli, sendo sem dúvida as duas mais preocupantes dentro do sistema. Os momentos de aparecimento da salmonella geralmente ocorrem depois da segunda e terceira semana de alojamento na creche e a E. coli mais próxima do momento do desmame.
Desta forma, a limpeza e desinfecção das instalações tornam-se aliados contra problemas futuros. Dado o perfil exploratório dos leitões, de lamber e fuçar as superfícies, qualquer resíduo orgânico de lotes passados pode ser encontrado e ingerido. Portanto, entende-se a importância de utilizar bombas de alta pressão para lavagem das baias com água quente, uso de detergente com pistola formadora de espuma e lavagem de sistemas de água.
Outro fator impactante é a idade de desmame. Uma idade de desmame de 28 dias, com média de 26 e meio, acompanhado de nutrição adaptada para a fase, ajuda a prepará-los para os desafios da creche. O formato da alimentação também é outro fator importante a ser observado, dado o impacto do preparo deste leitão para ingestão de determinadas matérias primas e em quantidades variadas. Ao alimentar um leitão despreparado para receber um alimento complexo, mesmo sendo de melhor qualidade e de maior digestibilidade, é possível que o leitão não consiga aproveitar todo potencial desta matéria prima fornecida.
A ambiência é outro fator que interfere na manifestação de doenças e comportamentos agonísticos. Fatores como densidade de alojamento, temperatura, umidade e qualidade de ar, todos têm certo grau de impacto na saúde das fêmeas e dos leitões. Torna-se importante então, visualizar as estratégias que minimizem impactos negativos, como o uso de produtos promotores de saúde alternativos aos antimicrobianos, como os probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos ou outros aditivos moduladores de microbioma, como é o caso dos taninos e das fibras.
Em pesquisas, a suplementação na prática de taninos hidrolisáveis via água ou ração em suínos demonstraram propriedades antimicrobianas, antivirais e anti-helmínticos, atuando positivamente na saúde intestinal. Houveram também efeitos sobre a redução da concentração de escatol no tecido adiposo e na qualidade de carne fresca, onde a suplementação em níveis mais altos na ração aumentaram o potencial pró-oxidativo.
Outra impacto sobre a suplementação de taninos está no efeito antibacteriano e antifúngico ao precipitar proteínas, sobretudo em gêneros que englobam espécies potencialmente patogênicas, a exemplo Brachyspira, com espécies que infectam o ceco e o cólon, principalmente nas fases de desmame. As diarreias mais conhecidas são a Disenteria Suína (DS), cujo agente etiológico é a B. hyodysenteriae e B. pilosicoli, causador de Colite Espiroquetal (CE), dos quais os sintomas são desidratação, perda de peso, diarreia líquida ou pastosa (podendo apresentar sangue) e atraso no crescimento, trazendo prejuízos econômicos. Todavia, seu uso deve ser devidamente acompanhado por técnicos especializados, visando driblar os efeitos sobre redução do consumo, digestão dos alimentos e eficiência de conversão dos nutrientes, dos quais podem ser driblados via influência positiva na saúde intestinal e efeitos antidiarreicos.
Enquanto isso, as fibras cumprem um papel importante no terço final da gestação na matriz suína, em que a restrição alimentar é adotada para evitar o ganho de peso em excesso. Nestas condições de restrição alimentar e insaciedade, a gestação em baias coletivas pode favorecer a disputa por alimentos, desencadeando problemas comportamentais que comprometem o bem-estar e a produtividade das matrizes. Conseguinte, além de proporcionar sensação de saciedade por lento esvaziamento gástrico, estimulação salivar e inchamento da capacidade do estômago, promovem curva glicêmica mais prolongada, o que pode ser uma estratégia vantajosa para garantir a glicemia adequada no momento do parto.
Além disso, o uso estratégico de fibras eubióticas, compostas pela associação equilibrada entre porções solúveis e insolúveis, é capaz de promover melhora da saúde e da função gastrointestinal. Em leitões, por exemplo, promove melhora no desempenho, na imunidade através de um efeito na modulação e promoção de bactérias benéficas no intestino e concentrações de AGCC. Cada porção da fibra atuará de forma diferente no trato gastrointestinal e entender suas interações bioquímicas no trato gastrointestinal é outra ferramenta de gestão técnica do rebanho suíno. Conheça nossas soluções em saúde intestinal de suínos e fale com nossos especialistas!
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