Impacto da rastreabilidade no dia-a-dia do consumidor
Os grãos são fontes importantes de nutrientes para pessoas de todo o mundo. Podem ser usados in natura, processados na indústria como ingredientes de outros […]
- 29/03/2023
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Na produção suinícola, o desmame dos leitões é um momento crítico que exige muita atenção. Nesse ínterim, os animais são realocados em novos lotes, o que leva ao estresse social e aumento do cortisol. Em seguida, ocorre a troca da dieta líquida a base de leite materno, para uma dieta sólida, o que acaba se contrastando com um intestino em desenvolvimento incompleto. Todavia, os fatores que elevam a atenção não acabam por aqui, com o aumento de leitões por leitegada, a concorrência pelo colostro também aumenta, o que pode elevar a taxa de mortalidade caso não haja intervenção.
Bem como, citado no parágrafo anterior, o intestino ainda se encontra em fase de desenvolvimento, e as enzimas endógenas responsáveis pela digestão do milho e farelo de soja estão em uma curva crescente. Sendo assim, forçar dietas sólidas irão lesar o epitélio intestinal, reduzindo a capacidade de absorção de nutrientes.
Dessa forma, é primordial a formulação e fornecimento de dietas com um alto teor de digestibilidade, com ingredientes como o soro de leite, concentrado proteico de soja, soja micronizada e milho pré-cozido.
O soro de leite é um coproduto da indústria láctea, mais precisamente da produção de queijos. Possui um alto valor nutricional, alta digestibilidade e palatabilidade, podendo ser encontrado na forma sólida (Pó) ou líquida.
O soro de leite é considerado para muitos nutricionistas um componente ideal para leitões ao desmame. Contudo, além das características citadas, ele tem em média 70% de lactose e 12% de proteína bruta de elevada qualidade com base na matéria seca. A lactose serve como nutriente para os lactobacillus (microorganismos probióticos) do intestino dos leitões, melhorando o ambiente intestinal. O tempo de armazenagem reduz o seu teor de 25% a 50%. Em animais adultos, há limitação para a digestão da lactose em nível intestinal devido ao baixo nível de lactose no intestino.
No decorrer da abrupta mudança na alimentação dos leitões, ao passo que, a caseína do leite (de alto valor biológico) é substituída por proteínas vegetais menos digestíveis para o leitão, pode ocorrer hipersensibilidade no TGI.
A eficiência protéica do soro é 20% superior ao da caseína, com digestibilidade em torno de 90%, sendo comparada à do leite e, portanto, bem superior à da soja, se tornando boa alternativa para adaptação dos animais recém desmamados.
Em experimento realizado por Hauptli et al. (2005) com 48 leitões com idade inicial de 21 dias, 4 tratamentos (T0 – CONTROLE; T1 – 7% SORO; T2 – 14% SORO; T3 – 21% SORO.), concluíram que a utilização de soro de leite até 21% melhorou a conversão alimentar dos leitões.
Já em outro trabalho realizado por Fernandes et al. (2013), foi observado que os leitões que receberam 10% e 20% de soro de leite teve menor incidência de diarreias do que os animais que receberam o tratamento controle. Ou seja, essa melhora na saúde intestinal possivelmente se deve ao fato da redução do pH em decorrência da produção dos ácidos acéticos, propiônico, butírico e lático. A redução do pH ajuda no controle da proliferação de microrganismos patogênicos.
Por fim, usar soro de leite pode ser uma alternativa para reduzir o custo de alimentação dos suínos, desde que avaliado a logística de transporte e armazenamento. Além disso, seu consumo ainda evita problemas de poluição ambiental, que ocorrem quando o soro não é utilizado. Entretanto, há um aumento no volume dos dejetos produzidos, o que pode ser contornado com a produção de biodigestores se economicamente viável.
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FERNANDES, A. et al. Desempenho e ocorrência de diarreia em leitões alimentados com soro de leite. Arch. Zootec, Alfenas, MG, v.62, n.240, 2013. Disponível em: <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S000405922013000400011&lng=es&nrm=iso>
HAUPTLI, L. et al. Níveis de soro de leite integral na dieta de leitões na creche. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v.35, n.5, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0103-84782005000500027&script=sci_arttext>