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- 13/04/2022
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O cloreto de amônio na produção animal têm aplicação como uma alternativa econômica a outros insumos, como é o caso da ureia pecuária suplementada na dieta de bovinos. Mas sua aplicação não se limita a isto, então vamos primeiro entender o que é este composto para podermos discorrer sobre sua aplicação.
O cloreto de amônio é um composto químico inorgânico fonte de nitrogênio e cloro, amplamente utilizado em aplicações industriais, agrícolas e farmacêuticas. Sua fórmula química é NH4Cl e em temperatura ambiente se apresenta como um sólido branco e cristalino, solúvel em água.
A obtenção de cloreto de amônio envolve normalmente a reação entre amônia (NH3) e ácido clorídrico (HCl). Essa reação é uma reação de neutralização, onde o ácido clorídrico doa um próton (íon H+) para a amônia, resultando na formação de cristais de cloreto de amônio. A equação química para essa reação segue:
NH 3 + HCl → NH4Cl
A reação pode ocorrer com a mistura direta dos gases de amônia e ácido clorídrico ou dissolvendo o ácido clorídrico em água para então adicionar a solução de amônia. Em uma escala industrial, a produção de cloreto de amônio envolve a introdução de amônia gasosa e ácido clorídrico gasoso em um reator, onde ocorre uma reação exotérmica para formar cloreto de amônio sólido. Após formado, o cloreto de amônio pode ser separado das impurezas por meio de processos de purificação, como cristalização e filtração, para posteriormente ser refinado e embalado para transporte e comercialização.
Pesquisas têm sido conduzidas aplicando o cloreto de amônio em diversas áreas dentro da produção animal como uma alternativa barata a outros insumos, como é o caso da ureia pecuária, e os resultados se mostraram favoráveis à sua utilização. Na bovinocultura, por exemplo, o cloreto de amônio tem sido utilizado como fonte de nitrogênio não proteico, pois trata-se de uma alternativa à ureia, mais econômica e com eficiência satisfatória. Os sais de amônio tem sido aplicados na bovinocultura leiteira para prevenir a febre do leite em vacas, pois o cloreto de amônio induz à acidose metabólica, aumenta a mobilização de cálcio dos ossos e a absorção no intestino, auxiliando na redução dos problemas causados pela febre do leite.
Alguns estudos em vacas leiteiras fistuladas indicaram que a utilização de cloreto de amônio em 100% de substituição da ureia da dieta reduziu o consumo de matéria seca sem perder desempenho. Além disso, melhorou a digestibilidade dos nutrientes, reduziu o pH ruminal e a concentração de nitrogênio ureico plasmático, mas não influencia a concentração ruminal de amônia e síntese de proteína microbiana. O uso do cloreto de amônio permitiu ainda uma utilização mais eficiente do N, podendo ser incluído em dietas de bovinos em 1,4% com base na matéria seca.
No entanto, é importante acompanhar o consumo de matéria seca dos bovinos e o nível de inclusão, pois da mesma forma que a ureia, o cloreto de amônio pode ser tóxico quando convertido em amônia no rúmen, podendo causar acidose ruminal e desencadear diversos problemas sistêmicos que afetam a produtividade.
Em ovinos confinados o cloreto de amônio foi testado como acidificante urinário como método preventivo de urolitíase obstrutiva, que se trata de uma doença em que ocorre obstrução parcial ou total do fluxo urinário devido a deposição de sais e formação de cálculos na bexiga ou uretra. A formação desses cálculos ocorre devido a desequilíbrios na dieta, baixa ingestão de água, desequilíbrio mineral ou predisposição genética, podendo levar o animal a apresentar problemas reprodutivos, dificuldade para urinar, dor e distensão abdominal, letargia, anorexia e óbito. Ferreira et al (2014) relataram que o uso de cloreto de amônio foi eficiente como acidificante urinário na prevenção de urólitos de estruvita e fosfato de cálcio, que são preferencialmente formados em pH alcalino, sem afetar o desenvolvimento, o apetite e o ganho de peso dos animais.
De forma geral, o processo de acidificação da urina se dá quando o cloreto de amônio é absorvido pelo organismo e convertido no fígado em ureia e ácido clorídrico (HCl), que por sua vez age como um doador de H+, provocando acidose metabólica. O H+ é excretado diretamente pelos túbulos renais para evitar a acidemia, produzindo urina ácida, ou se combina com o HCO3– para formar ácido carbônico, que se dissocia em água (H2O) e dióxido de carbono (CO2) (Taton et al. 1984, Jones et al. 2009).
Na avicultura e na suinocultura o cloreto de amônio também encontra utilidade sendo adicionado à água potável para reduzir o pH e atuar no controle bacteriano e disseminação de patógenos via água. Também tem sido utilizado como forma de redução de cistite em porcas gestantes, pelo mesmo mecanismo de redução do pH urinário citado anteriormente (DIAS et al, 2015). Em casos mais específicos, também foi utilizado na estimulação do apetite e promotor de crescimento.
Para cada necessidade, o cloreto de amônio pode ser considerado e avaliado quanto às suas possibilidades de uso, pois além da aplicação na produção animal, possui diversos outros usos industriais, como na agricultura por meio de fertilizantes, na produção de compostos químicos, na indústria farmacêutica, no processamento de metais, entre outros. Vale salientar que, para as aplicações aqui citadas, se trata de uma opção atrativa e econômica. Consulte nossos especialistas para encontrar uma solução eficiente para suas necessidades, através dos nossos canais de atendimento.
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