Ácido linoléico conjugado – CLA, o que é?
O ácido linoléico conjugado – CLA é encontrado naturalmente em diversos produtos. Originalmente foi descoberto como um componente anticâncer. A maior fonte natural é advinda […]
- 14/07/2021
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Ao final do último artigo intitulado – Relação entre o Clostridium perfringens e o sistema imune de frangos de corte – foi dito, que um sistema imune responsivo demanda uma grande quantidade de energia, graças as complexas reações de reconhecimento de patógenos, produção de citocinas, anticorpos entre outras ações e principalmente o processo inflamatório. E como resultado, o desempenho zootécnico fica comprometido.
Quando se usam os antibióticos promotores de crescimento – APCs, busca-se mitigar os processos inflamatórios e reduzir a responsividade do sistema imune, e isso se dá através da ação dos antibióticos a nível intestinal. Os mecanismos de ação dos APCs ainda não são totalmente conhecidos, mas sabe-se que as mudanças induzidas por APCs reduzem a microbiota intestinal limitando drasticamente seus efeitos, sejam eles positivos ou negativos. Isso pode incluir a alteração na competição por nutrientes, prevenir a colonização de patógenos e/ou selecionar bactérias capazes de extrair mais energia da dieta. Entretanto, é atribuído a esse grupo químico a resistência microbiana cruzada, preocupando assim a medicina humana e animal, surgindo o conceito ONE HEALTH (Saúde Única). E como esforço para ajudar a reduzir o seu uso, o Brasil proibiu em 2020 três aditivos melhoradores de desempenho, sendo eles a tilosina, lincomicina e tiamulina, sendo esperado nos próximos anos a proibição dos demais em circulação, sendo eles avilamicina, bacitracina de Zn, bacitracina metileno desalicilato, enramicina e espiramicina.
No entanto, há inúmeras formas de buscar uma melhoria no desempenho dos animais. Cuidar da qualidade dos ingredientes e da formulação das dietas é imprescindível. Na soja, e alguns coprodutos, podemos encontrar proteínas alergênicas, sendo representadas pela conglicinina e B-conglicinina, sendo esta última mais reativa, com maior influência na resposta imune. A presença dessas proteínas pode causar inflamação no tecido intestinal, comprometendo a digestão e absorção e abrindo porta para possíveis patógenos. São ainda responsáveis por reações de hipersensibilidade contra a soja, além da aceleração do turnover proteico na renovação dos vilos/criptas.
Portanto, ingredientes como o Concentrado Proteico de Soja (RPSOY), livre de proteínas alergênicas e com alto valor biológico e digestibilidade de aminoácidos normalmente de 5 a 10%, acima de seus pares no mercado pode prevenir essa ativação do sistema imune de forma ineficaz, quando utilizado nas dietas inicias.
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Fatores antinutricionais e polissacarídeos não amiláceos – PNAs presentes em ingredientes vegetais que compõem a dieta podem ter efeitos negativos na saúde intestinal de frangos e suínos. Os PNAs são os principais componentes da parede celular presente nas células vegetais, no entanto, devido a natureza das ligações químicas os animais não conseguem acessar esses nutrientes.
Além do comprometimento da digestão causado pelas condições do fluxo intestinal induzidas pelos PNAs, a presença de fragmentos de fibra não digeridos contribui negativamente para o estado inflamatório da mucosa entérica. Dietas ricas em PNAs podem ocasionar danos físicos e induzir células epiteliais a apoptose (morte celular programada). A presença de fibras abrasivas e antinutricionais podem estimular o sistema imune inato a aumentar a proliferação de macrófagos, e produção de citocinas pró-inflamatórias, consequentemente, maior custo metabólico para auxiliar o sistema imune, tendo correlação inversa ao desempenho animal.
Como estratégia podemos adicionar enzimas exógenas nas dietas, para melhorar a utilização de ingredientes ricos em PNAs, ou fatores antinutricionais como o ácido fítico. As enzimas melhoram a digestibilidade, reduz a quantidade de excretas e a presença de poluentes, caso do fósforo fítico. Outro ponto benéfico é a redução da viscosidade da digesta, alterando a microbiota intestinal e equilibrando a fermentação no intestino delgado. A quebra das ligações da parede celular permite uma melhor fermentação pela microbiota cecal, produzindo ácidos graxos de cadeia curta que são uma ótima fonte de energia para as células intestinais.
O clima predominantemente tropical em todo território brasileiro, fornece condições ideias para proliferação de microrganismos patogênicos em ingredientes mal armazenados e transportados, principalmente os cereais. A organização mundial da saúde animal (OIE), tem padrões e diretrizes estabelecidas para gerenciamento de risco de toxinas e microrganismos transmissíveis via alimentação animal. A presença desses microrganismos como bactérias (Salmonella ssp., Clostridium spp., Escherichia coli etc), fungos, tais como Aspergillus, Penicillium, Alternaria, and Fusarium, além de comprometer a saúde dos animais e dos humanos, reduz a qualidade dos ingredientes.
Os fungos, de maneira especial, podem produzir metabólitos tóxicos aos animais e humanos, esses metabólitos são conhecidos como micotoxinas.
Certos ácidos orgânicos, como o ácido propiônico e seus sais (propionato Na e Ca) e o ácido fórmico, provaram ser eficazes na prevenção do crescimento de fungos e deterioração de rações e cereais. Esses ácidos orgânicos são usados amplamente, não apenas para melhorar a nutrição animal, mas também buscando melhorar a saúde intestinal.
A Salmonella sp., é outro patógeno de importância na indústria avícola e suinícola, e se deve ao fato de a Salmonelose ser uma das principais zoonoses para a saúde pública. E os ácidos orgânicos (podendo destacar o ácido fórmico) tem papel central na prevenção da proliferação e contaminação dos alimentos para animais e humanos. E apesar do poder conservante dos ácidos orgânicos, alguns deles são ácidos fracos sendo seguro o manuseio (principalmente quando tamponados) se comparado aos ácidos inorgânicos.
As análises metagenômicas buscam evidenciar o equilíbrio entre as populações de microrganismos responsáveis pela fermentação no intestino delgado e a fermentação intestinal no intestino grosso.
Nesse panorama exposto até aqui , se pode notar que a produção animal está sob complexas interações microbiológicas, e entender essas relações ajudam a buscar formas sustentáveis de produção com total atenção a biosseguridade. A evolução de várias tecnologias nos permitiu responder questões-chave como quais microrganismos e genes estão presentes, possíveis funções e o que eles são capazes de fazer. A metagenômica, analisa as sequências de DNA, extraídas diretamente de uma amostra ambiental, e fornece informação biológica relevante para a maior parte dos organismos.
Dentro das técnicas existentes, a menos financeiramente e computacionalmente dispendiosa é o sequenciamento do gene do RNA ribossômico 16S (16S rRNA). Essa abordagem visa genes específicos que permitem a classificação taxonômica e a estimativa da diversidade do microbioma bacteriano.
Nós temos um serviço de análise metagenômica, o M-TGI ID Livestock. Para quaisquer dúvidas entre em contato via WhatsApp ou formulário de contato.